quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ministro da Igualdade Racial fala para estudantes na FMP/FASE

O ministro da Secretaria Especial de Políticas para a Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araujo proferiu a palestra de abertura da XVI Semana Científica da FMP/FASE. Ele falou sobre o tema do evento deste ano, Homem em Perigo: Vida amanhã, compromisso hoje, e deu ênfase às questões raciais no Brasil. A Semana Científica da FMP/FASE é um dos maiores eventos da área da saúde na região, atraindo cerca de mil pessoas nos três dias de duração.
O tema escolhido para a Semana Científica deste ano engloba os perigos que rondam o homem atual, desde questões de saúde, passando pelos problemas ambientais até a violência. A conferência de abertura contou com a participação de 450 pessoas, além da presença do prefeito Paulo Mustrangi, da secretária de saúde, Aparecida Barbosa, da Supervisora geral da FASE, Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves, do diretor da FMP, Paulo Cesar Guimarães, representantes do Cremerj e outras entidades médicas e organizações sociais.
Em sua palestra, o Ministro Eloi Ferreira de Araújo centrou as diferenças raciais que ainda fazem parte da sociedade brasileira. “A Lei Áurea colocou 1 milhão de negos em liberdade porém, diferente do que era feito com os imigrantes europeus, que recebiam subsídios, créditos, terras para estar aqui, estes negros foram colocados à própria sorte. Nunca houve uma política para a inserção destas pessoas na sociedade. Muitos dos problemas que temos hoje são decorrentes daí”, explicou.
Hoje, segundo o ministro, cerca de 70% da população que recebe o Bolsa Família do Governo Federal é formada por pessoas negras ou pardas. Os índices de violência são alarmantes. “80% dos jovens entre 14 e 25 anos de idade que matam e morrem no Brasil são negros ou pardos. É uma estatística assustadora. Quando se vai buscar, percebemos que 70% dos negros e pardos são pobres. É preciso criar um ambiente de inclusão de cerca de 50.6% da sociedade Brasileira”, completou. “O Brasil tem um grande problema. O Brasil tem racismo. E como lidar com estas questões? Em primeiro lugar, é preciso não fingir que ele não existe”, completou.
Outro tema apontado pelo ministro Eloi Araujo foi a questão das cotas na universidade pública e no ProUni. Segundo ele, o desempenho dos estudantes cotistas vem sendo muito bom em todos os locais, igualando-se ao dos demais alunos. Sem prejuízos tanto para os cotistas quanto para os não cotistas.
Coordenador da Semana Científica, o professor João Carlos de Miranda explicou que a escolha do tema deste ano partiu da percepção de alguns indicadores de desenvolvimento negativo, o que acaba impondo uma reflexão sobre o compromisso da sociedade para com o futuro. “Entre estes indicadores estão o aumento do aquecimento global, o recrudescimento da violência em todos os seus níveis, a fome, a miséria e a ausência da paz entre os povos, a falta de escolarização e educação, a degradação da natureza e as epidemias evitáveis. Todos eles permanecendo como os principais obstáculos para a construção da felicidade. Este perfil social – que se apresenta de maneira mais ou menos agressiva de sociedade para sociedade –, é, no entanto, uma realidade presente em todos os lugares e está relacionado com as opções de crescimento que fizemos e continuamos a fazer”, explicou.
Ainda de acordo com o professor, a possibilidade de um futuro diferente e menos sombrio depende dos compromissos que estamos dispostos a assumir hoje e que apontem para mudanças estruturais no modelo de produção, no papel do Estado e na conjuntura social nesse processo. “Essa é a razão de trazermos para a abertura da Semana Científica 2010 o Ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Por acreditarmos que o verdadeiro debate sobre a saúde e sobre o processo de adoecimento é um debate complexo”, completou.

A abertura da XVI Semana Científica