quinta-feira, 2 de junho de 2011

Dengue: Especialista alerta para a necessidade de prevenção

O aumento no número de casos da dengue notificados na cidade acendeu um sinal de alerta entre os especialistas e nas autoridades estaduais de Saúde. A preocupação é de que ocorra no próximo verão um surto da Dengue Tipo 4. Segundo o diretor da Fase e membro do departamento de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Paulo César Guimarães, o comitê de infectologia da SBP do Estado do Rio de Janeiro e o Serviço de Epidemiologia do Estado preveem uma epidemia da doença caso a prevenção não seja intensificada.
“A população precisa estar junto neste combate, que deve ser intensificado neste período mais frio, quando ocorre uma diminuição no número de insetos. Eliminar os focos do mosquito transmissor da dengue é a única maneira de evitar um aumento ainda maior dos casos e até uma epidemia no próximo ano”, alertou o infectologista. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados casos do tipo 4 da dengue em Niterói e alguns estados do Nordeste e do Norte. Há 28 anos esse subtipo da doença não era observado no país.
Segundo Paulo César Guimarães, o perigo da dengue tipo 4 é a falta de imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram o vírus. “A ausência de imunidade ao tipo 4, associada à ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos virais, aumenta a possibilidade de ocorrência de casos graves de dengue, porque quando o paciente pega a doença mais de uma vez aumentam as chances de desenvolver formas graves da doença”, explicou. De acordo com especialistas, os quatro sorotipos virais da dengue causam os mesmos sintomas: dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, febre, dor atrás dos olhos, diarreia e vômito, entre outros. O protocolo de tratamento também é o mesmo, independente do tipo de vírus.
Conforme dados da Secretaria de Saúde, 557 casos foram notificados até o momento, sendo 426 de petropolitanos e 131 de moradores de outros municípios. Do total das notificações, 394 foram confirmados portando o vírus, sendo 267 de pessoas residentes em Petrópolis e 127 de outras cidades. Desde número, 139 são de autóctones (pessoas que contraíam a doença dentro do município) e 128 contraíram o vírus em outros locais. Ainda de acordo com os dados da Secretaria de Saúde, 129 casos foram descartados e 34 aguardam o resultado.
Paulo César Guimarães afirma nunca ter tido conhecimento de tantos casos da doença em Petrópolis, o que para ele é um sinal de alerta para a população e para as autoridades, principalmente entre as pessoas que residem nos locais com maior incidência, como Cascatinha e Meio da Serra. “São números altos, que nunca foram registrados na cidade. É preciso alertar a população e conscientizá-los. Sem a ajuda e cooperação dos moradores no combate aos focos do mosquito não vamos obter sucesso”, frisou o infectologista.


LIRAa: Petrópolis está na faixa de médio risco


De acordo com o Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa) realizado em março e divulgado no site da Secretaria de Saúde do Estado, Petrópolis está com índice de infestação predial de 1%, o que para o estado é considerado de médio risco. Entre todos os municípios da Região Serrana, apenas um – Carmo – está na faixa vermelha, com alto índice de infestação. Além de Petrópolis, outras duas cidades – Cordeiro e Macacu – também estão classificadas como médio risco.
Segundo dados da Vigilância Sanitária, divulgados em março, 56,6% da frequência percentual dos locais de reprodução do mosquito transmissor da dengue são provenientes de depósitos móveis como vasos e pratos, frascos com plantas e bebedouros de animais, entre outros. Em seguida, com 13,2% dos índices, vêm o lixo e outros resíduos sólidos jogados nas caçambas de lixo ou nas vias públicas da cidade. Os buracos nas árvores, as bromélias e outras plantas são incidentes criadouros, em 7,9% dos casos. Pneus e outros materiais relacionados, além das calhas, lages, ralos e sanitários em desuso apresentam 5,3% de probabilidade de infestação.


Ministério reconhece quatro classificações da doença


Hoje, o Ministério da Saúde estará promovendo a capacitação de médicos e enfermeiros vinculados às operadoras de planos de saúde ou aos hospitais da rede credenciada. O principal objetivo da ação é evitar o agravamento do quadro clínico do paciente que procura os serviços de diagnóstico e tratamento da rede particular e, consequentemente, prevenir óbitos pela doença. A capacitação terá duração de um dia.
Segundo o Ministério da Saúde, existem quatro classificações ou grupos de risco de dengue para os quais os profissionais devem estar atentos. Pacientes que chegam aos serviços de saúde com sinais ou sintomas clássicos da dengue, como febre, dores no corpo e na cabeça, além de prostração, mas sem sangramentos, são do grupo A. Neste caso, o paciente deve receber hidratação oral, repouso e uso de analgésicos e antitérmicos para tratar os sintomas. No grupo B são incluídos pacientes que apresentam algum sinal de sangramento. A pessoa deve ficar em observação, recebendo hidratação oral, que é feita com supervisão e acompanhada de uma avaliação médica.
Caso o paciente chegue ao serviço de saúde com sinais de alarme, como dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e queda abrupta de plaquetas, ele se encaixa no grupo de risco C, que exige internação. Já o Grupo D incluiu pacientes que chegam com sinais de choque e devem ser encaminhados imediatamente para um leito de UTI. Alguns dos sinais apresentados neste estágio são a cianose (pontos roxos-azulados no corpo, que indicam falta de oxigênio no sangue) e pressão baixa.

JANAINA DO CARMO
Redação Tribuna