Com o objetivo de garantir melhorias na
qualidade de vida dos moradores do Vale do Carangola, a Faculdade Arthur Sá
Earp Neto (FMP/Fase) deu início, no ano passado, ao projeto de extensão
universitária voltado para realizar ações de intervenção a partir das demandas
identificadas na própria comunidade como essenciais. Na última terça-feira
(04), alunos e professores da FMP/Fase realizaram o primeiro seminário com organizações
atuantes na região para apresentarem e debaterem as ideias de intervenção.
O projeto de extensão tem como parceiros no
seu desenvolvimento, a Escola Municipal Lucia de Almeida Braga, a Unidade de
Saúde da Família, o Centro de Referência em Assistência Social e a ONG Núcleo
de Alfabetização Ecológica. “Esse projeto é muito interessante, pois vem de
encontro às necessidades reais da comunidade. Motivar as crianças na busca pelo
conhecimento de forma lúdica desperta o interesse delas para se tornarem
agentes transformadores dentro da própria família, promovendo um efeito ainda
maior de mudança”, destaca Fátima Lavrador, diretora da Escola Municipal Lucia
de Almeida Braga.
O projeto conta com a participação de dois
professores e 43 alunos dos cursos de Medicina, Nutrição e Administração, que
trabalham divididos em nove grupos. “Nosso grupo vai atuar diretamente no
cuidado com a saúde da criança, focado na importância da higiene. Um dos pontos
abordados como problema pela comunidade é a questão do alto índice de
ocorrência de casos de piolho, então nossa intervenção ficará focada no sentido
de colaborar para que este não seja mais um problema”, destaca Laila Garcia,
aluna do 4º ano de Medicina e integrante da Liga de Pediatria da FMP/Fase.
O projeto foi dividido em duas etapas. Na
primeira fase exploratória, cada grupo teve como objetivo traçar um perfil do
local, com suas percepções e informações coletadas durante o diálogo com
moradores e profissionais que atuam nas unidades parceiras. Com base no perfil
traçado, a segunda etapa teve início no seminário e segue com a proposta de
negociar, aplicar e planejar as intervenções que foram identificadas como
necessárias na localidade.
“Independente da área de atuação da
faculdade, a sua função é a de ser um agente transformador na sociedade.
Agregar valores e propiciar a melhoria na qualidade de vida das pessoas que
vivem na comunidade é o papel da extensão universitária. Nesse sentido, a
Extensão da FMP/Fase é o mecanismo pelo qual se estabelece a inter-relação da
faculdade com os outros setores da sociedade, marcada pelo diálogo e troca de
saberes, substituindo o discurso de hegemonia da academia pela interação e
articulação com movimentos, organizações da sociedade e segmentos sociais, e
construção coletiva de conhecimento, que contribua para a superação da
desigualdade e da exclusão social, para construção de uma sociedade mais justa,
ética e democrática”, explica Ricardo Tammela, coordenador de Projetos e
Extensão da FMP/Fase.
Aproximadamente 2.900 pessoas, sendo cerca de
960 famílias, vivem no local e serão beneficiadas diretamente com o
desenvolvimento das atividades propostas pelo projeto de extensão. “Percebemos
muitos casos em que as crianças entendem que brigar é a solução para resolver
os problemas. Então, como elas também carecem de uma alimentação mais
equilibrada e rica em nutrientes, nossa sugestão de intervenção é a criação de
uma horta na escola. O plantio vai promover o trabalho em equipe e estimular a
continuidade do esforço para cuidar da plantação, até a colheita. Dessa forma,
vão entender que se trabalharem juntas vão colher bons frutos para todos”,
salienta Daniele Albernaz, aluna do 4º período de Nutrição da Fase.
Além dos requisitos legais do Ministério da Educação – Educação para os
Direitos Humanos e Educação Ambiental –, o projeto também conta com orientação
política de alguns objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização
das Nações Unidas), como acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos
os lugares; alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável; assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar
para todos, em todas as idades; entre outros.
“Estou muito orgulhosa das propostas de
intervenção apresentadas pelos grupos. Esse projeto vai gerar muitos frutos
para a comunidade do Vale do Carangola que tanto carece de atenção. Minha
expectativa é de que possamos colher ótimos resultados desenvolvendo o projeto
por muitos anos. Essa experiência também beneficia os alunos, uma vez que saem
da caixinha e não terão apenas uma formação básica teórica, mas uma formação
social, o que vai transformá-los em melhores profissionais para atuar no
mercado de trabalho”, finaliza Nathália Balthazar, professora de Atividade Integradora
da FMP/Fase.