Rovena Paranhos (*)
Hoje, a Organização
Mundial de Saúde define saúde como um estado de completo bem-estar físico,
mental e social. Por si só, essa definição põe por terra algumas arcaicas
discussões sobre a pertinência — ou seria impertinência para uns tantos? — de
se falar, tratar, cuidar, praticar, promover a saúde mental. É fato, pois,
inquestionável, indiscutível, inarredável que não existe saúde geral, se a
saúde social, mental e física não estiver em equilíbrio.
E nesse trinômio —
físico, mental e social — a relevância da saúde mental parece evidente, pois
quando não se é capaz de sentir plenamente e de pensar claramente, não se
consegue decidir com propriedade acerca de si, dos outros e das circunstâncias
que nos inscrevem e circunscrevem. O que, por consequência, nos impede de agir
com responsabilidade plena em relação à saúde em geral, mais, em relação à
vida.
Nesse sentido, promover
a saúde mental é responsabilidade de cada um e de todos nós. Essa é uma questão
de saúde pública, é um valor coletivo e, como tal, implica necessariamente o
acolhimento indiscriminado, a informação correta, a promoção constante, a
prevenção ampla, o tratamento adequado, a reabilitação segura. O caminho da
reclusão, da alienação, da exclusão, da discriminação daqueles considerados doentes
mentais é, seguramente, o caminho de uma sociedade injusta, desequilibrada,
desonesta e incivilizada.
Por
fim, cabe, ao menos uma reflexão: nessa nossa atual sociedade em que a
drogadição ilícita é largamente consentida e a lícita cada vez mais incentivada,
há que se perguntar quem são, de fato, os doentes mentais? Esta reflexão e o
desafio que ela impõe já começam a ser bravamente enfrentados pela campanha
Janeiro Branco, que
merece não só nossa acolhida, mas, sobretudo, nossa irrestrita adesão na medida
em que trata das necessidades de saúde mental de todos nós.
(*) Coordenadora do
Curso de Psicologia da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase),
Petrópolis