Paulo Cesar Guimarães
Membro
do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
e diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase).
Já chegou o verão e o que nos evocam essas palavras
não soam como música. São mais um sinal de alerta para o alto risco de doenças
provocadas pelas picadas do Aedes aegypt no período: dengue,
zika e chicungunha. Muito já se falou sobre o grande mal de continuarmos
alimentando criadouros de mosquitos em água parada, mas a volta da estação do
calor forte e das chuvas mostrará que mais ainda precisa ser feito para vencer
a luta contra o inseto.
Há campanhas de
esclarecimento na TV, ruas inteiras de doentes, óbitos registrados e, mesmo
assim, muitos não estão ligando para o problema. Ou até se lembram de evitar a reprodução
dos mosquitos, fazendo uma inspeção rápida em casa, para logo esquecer que é
melhor remediar do que engrossar as dolorosas estatísticas. Sem falar na falta
de investimentos governamentais em saneamento país afora. O dever de casa vale
para o ano todo, da nossa parte e das autoridades.
O drama só piora quando
sabemos que o Aedes é
que pode transmitir a febre amarela na versão urbana, enquanto os Haemagogus e Sabethes são
os responsáveis pelos casos silvestres no Brasil. Tão mais grave que não
controlar os mosquitos é seguir fugindo da vacinação contra a doença.
Mais de 480 pessoas já
morreram infectadas no Brasil, de julho de 2017 até agora, mas boa parte da
população segue com medo da vacina, evitando a ida aos postos de saúde e
preferindo ficar exposta às picadas do inseto. Com as férias se aproximando, cabe
frisar que a vacinação é defesa fundamental para quem viajará para áreas de
matas.
O baixo índice vacinal
assusta. Só na cidade do Rio, sem vacina, 3,9 milhões de pessoas continuam
desprotegidas. Muito do comportamento desleixado se explica pela falsa crença
de que o vírus da febre amarela não circula mais. Há também o problema das
ditas “fake news”, martelando falsas informações sobre a segurança das vacinas.
Com menos pessoas protegidas, maior o risco de a febre amarela ganhar as
cidades, deixando os limites das matas.
É preciso cada um fazer a sua
parte para que a febre amarela e as outras doenças transmitidas pelo Aedes não virem uma triste epidemia.
Ninguém aguenta tanta estatística negativa. Que 2019 chegue com mais saúde!