A história de que homens não ligam para
a saúde vem de longe e, para virar esse jogo, foi criado o Dia da Saúde do
Homem. A data é lembrada em 15 de julho, mas precisa ficar no calendário o ano
todo, na opinião dos profissionais de saúde. Uma das preocupações dos médicos
em relação ao homem é a incidência do tumor maligno de próstata, o chamado
adenocarcinoma prostático. Ele é o segundo tumor maligno a atingir a população
masculina, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Segundo o
Instituto Nacional de Câncer, a estimativa de novos casos é de 61.200 e o
número de mortes é de 13.722 por ano.
O urologista Pedro Paulo de Sá Earp
ressalta a importância da realização dos exames preventivos. "O
exame preventivo não visa evitar a doença, mas diagnosticá-la precocemente
e com isto permitir a instituição de um tratamento precoce,
o que leva a evitar mortes. Nos Estados Unidos, graças a uma
orientação dada provavelmente de forma parcialmente equivocada, as
dosagens laboratoriais do PSA e os exames prostáticos dos homens vêm, de algum
modo, sendo desincentivados. Como consequência, o diagnóstico do
câncer de próstata caiu 28%. Isto fez diminuir a detecção do câncer de
próstata de alto risco (que pode vir a matar um indivíduo) em 23% dos
casos. Vamos observar o que vai resultar desta atitude nos próximos anos,
mas a consequência poderá não ser boa", preocupa-se.
Professor da Faculdade de Medicina de
Petrópolis (FMP/Fase), Pedro Sá Earp explica o exame do toque transretal da
próstata. Ele conta que o urologista pode aferir através do exame digital da
próstata o seu tamanho, a sua superfície, os seus contornos, a sua mobilidade,
a sua sensibilidade e especialmente a sua consistência. "É o toque
que diz se a próstata está dura ou se possui nódulos, e esses dados podem
falar sobre a existência de um câncer."
Há ainda um exame de sangue que
verifica a dosagem de uma enzima produzida pela próstata e que se chama PSA.
Segundo o urologista, o exame pode falhar em até 16% dos casos. "Existe
também a ultrassonografia da próstata, que pode falhar em mais de 40% dos
casos. Recentemente, exames de imagem mais sofisticados, tais como a RM
funcional prostática e até o PET-CT de PSMA, vieram trazer subsídios muito
valiosos para o diagnóstico e o estadiamento da doença prostática. Desta
forma a conjunção de todos esses exames pode diminuir o número de falhas
na detecção do câncer da próstata quando bem utilizados", diz.
O professor da FMP/Fase ressalta que o
toque prostático ajuda a diagnosticar e a diferenciar a
hipertrofia benigna da próstata e o câncer da próstata. Se o
paciente apresenta um histórico familiar de câncer de próstata, de mama e
de cólon recomenda-se que o primeiro exame seja feito entre 40 e 45 anos.
"Nos EUA inclui-se no rol das pessoas de risco também os afrodescendentes,
já que a incidência de câncer de próstata é maior entre eles. Aqui,
o habitual é fazer o exame após os 50", observa Pedro Sá Earp.
O especialista cita também outro exame
importante para a saúde do homem: a colonoscopia, que faz a inspeção
endoscópica de todo o cólon e reto. A iniciativa ajuda a diagnosticar e
prevenir divertículos, pólipos (tumores benignos) e o câncer do intestino
grosso. "Se nada for detectado no primeiro exame, ele deverá ser repetido
a cada cinco anos. A OMS recomenda que o exame seja feito a partir dos 50
anos."
O urologista lembra que não só os mais
velhos devem fazer exames preventivos: "Para o menino há indicação do
exame da genitália externa para detecção de patologias tais como, fimose,
hidrocele (líquido derramado intraescrotal), varicocele (varizes escrotais),
criptorquidia (testículo fora da bolsa escrotal) etc. No jovem e no homem
maduro, o autoexame do testículo poderá determinar a presença de câncer
testicular. A inspeção da uretra pode detectar a presença de secreções uretrais
(DST). O autoexame do pênis poderá determinar a presença de verrugas próprias
do HPV, ulcerações compatíveis com herpes ou mesmo com cancro sifilítico. No
homem da terceira idade recomenda-se a observação do fluxo urinário que poderá
estar diminuído nos casos de hipertrofia benigna da próstata."