sexta-feira, 3 de julho de 2009

Artigo de estudante de administração é publicado em jornal

A juventude foi o tema de um artigo publicado na última quarta-feira no jornal Tribuna de Petrópolis. O texto é do estudante Thiago Pires do curso de Administração.



Juventude: o presente do País !


Thiago Pires
Diretor Executivo da FAMPE e Séc. de Organização do PCdoB



A juventude é uma fase marcante da vida humana, tendo centralidade nesse período o processo de desenvolvimento, inserção social independente e definição da identidade. É nesta fase que se completa o ciclo da formação física, intelectual, psíquica, social e cultural. E ainda, transita-se das condições de dependência para a de autonomia em relação à família, perante a sociedade. O tema JUVENTUDE não é novo, está sempre presente nas plataformas eleitorais, na mídia, na publicidade e nos produtos da indústria cultural. Este tema adquiriu visibilidade crescente nos últimos anos no Brasil pelo grande peso dessa faixa etária na população. Se levarmos em consideração o critério adotado pelas Nações Unidas, caracteriza-se juventude, pessoas que estão entre 15 e 24 anos. Hoje 35 milhões no Brasil, representando cerca de 20% da população.
Neste momento especifico da historia republicana brasileira, a juventude é como um elo entre o Brasil que temos e aquele que devemos construir. Temos o desafio de converter este assunto em pauta política de primeira grandeza, tratar o tema juventude em outro patamar na agenda política, local e nacional. A importância desta temática advêm do peso numérico deste seguimento populacional e também da reconhecida energia, criatividade e potencialidade que a juventude já comprovou na historiado do nosso país e de outros povos. Representam à esperança de um novo caminho para uma evolução social.
A juventude sofre frequentemente rotulações e é enquadrada em estereótipos que não correspondem à realidade. De um lado são apresentados, através da mídia, como peças de publicidade, modelos estéticos perfeitos para novelas, sempre bonitos, saudáveis, alegres, radiantes, magros e despreocupados. De outro lado, os jovens aparecem como tema de noticiário, envolvidos em graves problemas de violência e quase sempre com comportamentos reprováveis. Agregado a isso, são forçados a assimilar padrões de consumo e de estilos de vida, estimulados pela grande mídia, oferecidos como modelo único a ser seguido, no qual poucos tem acesso na vida real.
Estas imagens são baseadas em estereótipos não fundamentados por dados reais, ou pouco balizadas na diversidade encontrada na juventude. Se o consumismo, o pragmatismo, a alienação, o desinteresse político e social, a acomodação são algumas características de parte da atual geração. Também é verdade que em uma analise real e mais profunda descobrimos outra parte significativa da juventude, participou e participa de vários momentos importantes na construção de nossa sociedade, como nos movimentos de combate a ditadura e do fora Collor, na grande participação nas ONGs e nos trabalhos voluntários, sendo estes bons exemplos de posturas renovadoras e de vanguarda. Fazendo-nos considerar os atributos positivos, comuns neste período especifico do ciclo da vida, digo a criatividade, o dinamismo, a capacidade de rápido aprendizado, a alegria entre muitos outros, sendo os norteadores de uma visão mais humanista de nossa juventude. Os processos constitutivos das características juvenis se fazem de modo diferenciado, tendo grande peso a origem de classe, a renda familiar, a região do país, as condições de moradia, a etnia, o gênero e outros.
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Apesar da juventude ter uma grande capacidade de superar desafios, é possível afirmar que os jovens são os brasileiros mais afetados pelos descompassos sociais que atinge toda a população do país. O desemprego, a evasão escolar, a violência são exemplos dos problemas que mais atingem a juventude. A possibilidade do desemprego assusta todas as faixas etárias, mas tem impacto acentuado nos jovens. Aumentou o desemprego e a precariedade da ocupação profissional neste seguimento, segundo dados do dados de 2000 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 3,5 milhões de jovens estão sem trabalho atualmente, representando 47% dos desempregados do país. De acordo como a PNAD - Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicilio, do IBGE no ano 2000 a taxa de desemprego na juventude está em torno de 21,1%, quando a média brasileira é de 8,9% .
Os dados estatísticos são eloquentes também quando revelam o déficit educacional que atinge a juventude. Apesar de ter crescido o nível geral de escolaridade em comparação com as gerações anteriores, 17 milhões de jovens, isto representas a metade dos jovens brasileiros de 15 a 24 anos, não estudam. Condenando parte considerável da juventude brasileira à aos subempregos e a marginalidade.
A violência coloca-se como outro assunto preocupante, com indicadores nada animadores, as estatísticas demonstram o crescimento da violência nos grandes centros urbanos, envolvendo os jovens, tanto como vítima como algoz. Dados comprovam que a taxa de homicídios de jovens foi de 54,5 para cada 100 mil habitantes, contra 21,7 para o restante da população. E o que é mais grave, em quanto às taxas referentes ao restante da população tem se mantido relativamente estáveis desde a década de 80, no seguimento juvenil quase dobrou neste período. O choque entre o horizonte oferecido pela mídia, as limitações concretas de renda e condições sociais, bem como a inexistência de políticas públicas satisfatória de inserção juvenil, estão entre os fatores a serem considerados para explicar os crescentes riscos de envolvimento com o narcotráfico e outras modalidades de criminalidade. Além dos problemas já citados, que dizem respeito às condições socioeconômicas, profissionais e educacionais, os jovens se deparam com outro tipo de dificuldade, a discriminação nos espaços de pensar e emitir, executar opiniões. Os “adultos” com os quais mantém contato, muitas vezes adotam uma atitude de julgamento e de subestimação, ignorando suas experiências e opiniões.
A juventude é a fase da vida onde se tornam mais evidentes as ambiguidades e contradições. Mas é também quando se está mais predisposto a questionar a realidade e experimentar mudanças. Os jovens são sujeitos com necessidades, potencialidades e demandas singulares em relação a outros segmentos etários. O reconhecimento da especificidade da juventude tem de ser feito num duplo sentido: o da sua singularidade com relação as outros momentos da vida e o da diversidade interna, que faz com que a condição juvenil assuma diferentes aspectos e contornos. A sociedade tem que buscar reforçar os programas de prevenção à violência, buscando mesclar a permanência escolar, ao fortalecimento da auto-estima e dos vínculos comunitárias, através de atividades e ações ligadas a cultura, esporte e lazer, atentando ainda para a capacitação profissional e geração de renda.

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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis