terça-feira, 25 de maio de 2010

Colesterol e saúde: dicas de nutrição

Patrícia Andrade *

A hipercolesterolemia é caracterizada pela presença de taxas elevadas de colesterol no sangue, acima de 200 mg/dl. Afeta especialmente pessoas acima de 45 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Entretanto, devido aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo, cada vez mais jovens têm sido diagnosticados com essa condição.
O colesterol possui funções orgânicas importantes, como a produção de hormônios. Entretanto, em excesso no sangue, representa um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
O colesterol é transportado no sangue por lipoproteínas, principalmente de baixa (LDL) e de alta (HDL) densidade. As de baixa densidade (também chamadas de colesterol ruim) permitem que ele se deposite nas artérias. Esse acúmulo forma as placas de ateroma que, com o tempo, podem se desprender dos vasos sanguíneos, promovendo uma obstrução do fluxo sanguíneo nas artérias do coração e do cérebro, dando origem, respectivamente, ao infarto do miocárdio e ao acidente vascular cerebral.
As lipoproteínas de alta densidade (também chamadas de bom colesterol), ao contrário, têm um efeito protetor sobre a saúde cardiovascular, pois carregam o colesterol para fora das artérias. O controle e o tratamento da hipercolesterolemia visam a uma proporção saudável entre as duas frações, de forma que haja menos colesterol ruim e mais colesterol bom. Vale lembrar que uma dieta muito pobre em gordura reduz HDL. Por isso, não adianta somente reduzir a ingestão de gordura da dieta. É importante também cuidar da qualidade da gordura ingerida.
A hipercolesterolemia é uma doença silenciosa e, dessa forma, pode ter como a primeira manifestação um infarto do miocárdio ou mesmo um acidente vascular cerebral. É importante lembrar que quase sempre está acompanhada de outras condições que favorecem a ocorrência desses eventos, como o sedentarismo e a obesidade. Pode ser resultante também de uma predisposição genética ou ainda, ser decorrente de algumas doenças que elevam o colesterol, como o diabetes, o hipotiroidismo, a insuficiência renal e as doenças do fígado.
Através da dosagem sangüínea de colesterol total, de suas frações e dos triglicerídeos (outro tipo de gordura presente na circulação que também que contribui para aumento do risco cardiovascular quando elevada), é feito o diagnóstico.
O tratamento combina reeducação alimentar, prática regular de atividade física, redução ou cessação do hábito de fumar (o cigarro possui inúmeras substâncias que favorecem a oxidação do LDL, aumentando seus depósitos nos vasos sanguíneos), redução da ingestão de bebidas alcoólicas, adequação do peso e técnicas para reduzir o estresse.
Em alguns casos são prescritos medicamentos, especialmente as estatinas, que agem diretamente no fígado, órgão que produz o colesterol, inibindo a ação de uma enzima que produz colesterol.
É ideal seguir uma alimentação rica em alimentos integrais, que possuem vitaminas e minerais importantes no metabolismo das gorduras. Os alimentos como pão branco, arroz branco e macarrão, por serem refinados, perderam esses nutrientes. Importante também uma alimentação rica em fibras como aveia, quinua, germe de trigo, já que as fibras têm propriedades de se ligar ao colesterol, aumentando sua excreção, além de promoverem saciedade e regular o trânsito intestinal.
Imprescindível consumir alimentos ricos em ômega 3, presente em peixes como a sardinha, na semente de linhaça e em vegetais verde-escuros (o ômega 3 reduz a viscosidade do sangue) e se alimentar com uma proporção maior de alimentos de origem vegetal (frutas, vegetais, derivados de soja) e menor de alimentos de origem animal (carnes, leite de vaca, manteiga). Deve-se evitar gordura saturada e trans (presentes em margarinas, fast foods, batatas fritas congeladas, sorvetes, pizza, frituras, carnes gordurosas, embutidos e gordura hidrogenada).
Por muito tempo o abacate foi banido da alimentação pois acreditava-se que ele contribuía para o aumento do colesterol. O abacate é rico em betasitosterol, um fitosterol que compete com o colesterol para ser transportado, reduzindo sua absorção.
O uso prolongado de estatinas pode trazer como conseqüência o cansaço, decorrente da depleção da coenzima Q10, uma substância antioxidante. O abacate é uma das suas principais fontes.

* Patrícia Andrade – Professora de Nutrição do Curso de Especialização em Nutrição Clínica da FMP/Fase.

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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis