segunda-feira, 31 de julho de 2017

Projeto de Conclusão de Curso estimula a memória e a interação entre os idosos


Ao longo dos anos, nossos corpos sofrem transformações. Especialistas explicam que, com o passar do tempo, muitos idosos tendem a apresentar maior esquecimento e gradativo aumento da dificuldade em memorizar novas ideias e informações. Em geral, as recordações do passado permanecem vivas e contam com uma série de detalhes, mas a memória falha quando o assunto são os acontecimentos recentes.

Ao vivenciar uma situação similar na própria família, quando a avó foi diagnosticada com demência de corpos de Lewy, Karinne Portella, aluna de Enfermagem da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase), decidiu se dedicar ao estudo sobre memorização para pessoas da terceira idade.

“Diante dessa situação, senti a necessidade de conhecimentos sobre essa realidade, pois o que estava em questão não era a doença em si, mas a qualidade de vida que poderia oferecer aos idosos, uma vez que a demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo, resultando em perdas de memória”, explica Karinne Portella.

Como projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, a estudante criou um jogo de 60 cartas, divididas em cinco categorias: “quem sou eu?”, “responda!”, “pense rápido!”, “quem sabe, sabe!” e “que ponto turístico é esse?”. A aplicação do jogo no grupo da terceira idade da Unidade de Saúde da Família do Boa Vista, que é gerida pela FMP/Fase, apresentou dados positivos.

“A aplicação do jogo superou todas as minhas expectativas. Criei um vínculo de convivência com eles, através das consultas, e fui investigando sobre a função cognitiva e o padrão de relacionamento. Foram muitos os relatos de esquecer panelas no fogão, compromissos diários, datas comemorativas, troca de nomes de parentes e até mesmo sobre solidão por viver sem o companheiro, afastamento do convívio social, além do sentimento de inutilidade e baixa autoestima frente à família. Após a dinâmica, os idosos venceram alguns preconceitos sobre o processo de envelhecimento, percebendo que esquecer é normal com o avançar da idade, mas entendendo que se a mente e as capacidades cognitivas forem trabalhadas de forma correta, terão um impacto positivo na questão da memória”, destaca a estudante de Enfermagem da FMP/Fase.

Karinne frisa que os cuidados com a terceira idade vão muito além de exames de rotina, verificação da pressão arterial e da glicemia. “Para cuidar da terceira idade é preciso ter um olhar que enxerga potencial, acreditando que todos são capazes de ser e de fazer algo, apesar de suas limitações e peculiaridades. Após aplicar o jogo percebi que, mesmo diante de algumas dificuldades apresentadas, o grupo estava unido. Uns ajudando os outros e não só eles, mas a equipe da unidade de saúde também, tornando a interação divertida e prazerosa, não vendo como sacrifício ou sentindo-se mal por não saberem ou por terem se esquecido de algo”, finaliza.

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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis