terça-feira, 7 de novembro de 2017

Um Outubro Rosa com bons números


O atendimento dos serviços de mastologia cresceu em 80% este ano, no Hospital de Ensino Alcides Carneiro (HAC), com um aumento no volume de cirurgias de 37%. Os bons resultados são frutos do projeto "Capacitação das equipes da Estratégia Saúde da Família - Um caminho para implementar a prevenção secundária do câncer de mama", realizado de maio a outubro.

Os dados foram apresentados na 23ª Semana Científica da FMP/Fase, pelo mastologista e professor Carlos Vinícius Pereira Leite, que está à frente do programa. A iniciativa é do Serviço de Mastologia do HAC, em parceria com a FMP/Fase, Serviço Social Autônomo Hospital Alcides Carneiro e Prefeitura, com apoio da Roche. Hoje, o mamógrafo do HAC, doado pela faculdade, é o equipamento que realiza o maior volume de exames na rede municipal.

Carlos Vinícius Pereira Leite volta no tempo para falar do sucesso do projeto: “Em janeiro de 2000, iniciamos o Ambulatório de Mastologia no HAC e, aos poucos, fomos ampliando o espaço, as internações, as cirurgias e oferecendo aos usuários do SUS uma situação de igualdade para o tratamento do câncer de mama frente ao sistema privado. Evoluímos com a aproximação da APPO e suas voluntárias, que nos auxiliam na orientação após as consultas das pacientes, dando suporte emocional e orientação de direitos. Vínhamos evoluindo, mas constantemente atendíamos pacientes com uma história que começava há seis, oito meses, dentro do próprio sistema. Precisávamos entender o que estava ocorrendo, por isso resolvemos sair do hospital e nos aproximar da comunidade e de quem está mais próximo dela, as equipes de Saúde da Família”, analisa.

Em julho de 2016, o trabalho foi incluído no programa Roche Testing, que tem como objetivo subsidiar testes de diagnóstico para auxiliar no tratamento do câncer de mama. Isso ajudou a zerar o custo financeiro do teste de imuno-histoquímica para detectar a doença e a diminuir o tempo de espera pelo resultado do serviço, que era de 40 a 60 dias, para de 10 a 15 dias, melhorando o intervalo entre o diagnóstico e o início do tratamento.

“Cientes que iríamos intervir na Atenção Básica e divulgar a detecção precoce do câncer de mama, principalmente através da mamografia conforme preconizado no Programa de Controle do Câncer de Mama do Ministério da Saúde e no INCA, iniciamos a busca de parcerias para aquisição de um mamógrafo digital para o HAC, a fim de dar suporte à demanda por mamografia com qualidade tecnológica e auxiliar no diagnóstico e procedimentos radiológicos mamários. Em dezembro de 2016, recebemos a notícia de que o nosso projeto tinha sido aprovado através de emenda parlamentar, com o deputado Hugo Leal, e o aparelho ainda vai chegar”, conta o médico.


Sobre o projeto “Capacitação das equipes da Estratégia Saúde da Família”, Carlos Vinícius Leite diz que ele foi apresentado para um possível financiamento e aprovado pela Roche, em novembro de 2016. Àquela altura, o projeto de extensão “Saúde Mamária em Petrópolis”, da FMP/Fase, já envolvia os alunos na conscientização sobre o câncer.

 
“Foram convidados alunos das Ligas de Oncologia, de Radiologia, de Saúde da Mulher e de Saúde da Família. Formamos um grupo de trabalho Interligas para desenvolver os tópicos de interesse para formatação de duas cartilhas sobre câncer de mama, uma voltada para os agentes comunitários e a outra para os profissionais da Atenção Básica”, explica o professor, sobre as cartilhas “Saúde mamária – Guia prático para enfermeiros e médicos” e “Saúde mamária – Guia prático para agentes comunitários de saúde”.

 
Em março deste ano, o projeto foi apresentado ao secretário de Saúde de Petrópolis, Silmar Fortes, que aprovou a capacitação. Grupos de alunos da FMP/Fase montaram esquetes teatrais relacionadas ao tema e aos objetivos do projeto, para a sensibilização dos agentes comunitários, que receberam informações sobre três tipos de câncer: colo retal, linfoma e mama.

“Preparamos aulas esclarecendo sobre importância do diagnóstico precoce; modificação dos hábitos de vida como fatores protetores e fatores de risco; o preconceito com os exames realizados na detecção dos tumores; a importância deles nas etapas dos cuidados dos pacientes com câncer e a identificação de membros da comunidade com problema, que devem ser conduzidos na Rede de Atenção à Saúde”, recorda Carlos Vinícius.

 
De maio a outubro, os profissionais foram distribuídos nos diversos ambulatórios de Mastologia do HAC, abertos exclusivamente com a finalidade de capacitação dos profissionais da Atenção Básica na parte prática. Foram computadas 284 horas de atendimento ambulatorial, sendo atendidos 1.822 pacientes, com aumento de 80% em igual período de 2016. Foi observado ainda um aumento de cerca de 38%, em número de pacientes, e de 37%, nas cirurgias realizadas, no período de maio a setembro de 2017 em relação a igual período de 2016.
 
“Auxiliamos a Coordenação de Programas do Município de Petrópolis a elaborar o fluxograma do atendimento das alterações mamárias para Atenção Básica, em que o principal ganho foi a priorização das pacientes que realizaram exames de imagem. Encurtamos e otimizamos o acesso das pacientes para a atenção secundária. Estamos encerrando a capacitação da Atenção Básica, mas continuaremos a verificação periódica em pontos chaves para executar ajustes no sistema, monitorando o trabalho”, conclui Carlos Vinícius Leite.

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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis