Desde a realização da primeira radiografia, em
1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen,
os exames de imagem avançaram e revolucionaram tanto o diagnóstico como o
acompanhamento terapêutico de diversas doenças, auxiliando na detecção, no
estadiamento, na monitoração e na terapêutica, fazendo com que a especialidade
em Radiologia tenha um papel cada vez mais relevante na Medicina, à medida que a
população envelhece e apresenta mais comorbidades e convive durante anos com
diversas doenças que antes tinham um prognóstico reservado.
Seria inimaginável para os residentes em Radiologia
da década de 70, atualmente nossos professores, que em trinta anos os exames e
procedimentos que eram o dia a dia da especialidade seriam praticamente
abolidos e que as principais atividades de diagnóstico por imagem seriam
realizadas em aparelhos completamente digitais, com uma qualidade de imagem
infinitamente melhor, quase que anatômica, como os tomógrafos multi-slice e as
ressonâncias magnéticas de alto campo.
Com a revolução tecnológica que vivenciamos e a
ascensão, por vezes assustadora, da inteligência artificial (IA), não há
dúvidas que a especialidade novamente mudará. Assim como mudou desde a
realização da primeira radiografia, do advento da computação e do
desenvolvimento da internet.
Os médicos radiologistas e os tecnólogos em Radiologia
não são e nem serão os únicos profissionais que terão que se readaptar a essa
nova realidade. Não há fundamento em pensar que os avanços tecnológicos
deveriam ser retardados para evitar, por exemplo, a perda do emprego de um
operador de caixa com a criação dos caixas eletrônicos. Ou então, evitar o
avanço das análises automáticas de exames laboratoriais, já que há muito tempo
deixou-se de existir a necessidade de um profissional para a contagem de
hemácias.
Os principais fatos que contribuíram para esses
avanços foram a abundância de dados, o desenvolvimento de redes neurais
artificiais e o barateamento do hardware. Na área da imagem, os avanços da IA
permitiram, por exemplo, que um drone fosse capaz de reconhecer imediatamente a
imagem de alvos, sem tempo hábil para o processamento por um humano. Outro
exemplo do avanço, agora na área médica, foi o desenvolvimento de software para
celulares que diferenciava melanomas de outras lesões semelhantes, com maior
acurácia que os dermatologistas participantes do estudo.
Frente a toda essa
complexidade, não há dúvida que a implementação dessas novas tecnologias e a
inteligência artificial abrigarão um novo campo de trabalho para os médicos e
tecnólogos, que ao mesmo tempo terão que se readaptar. Mais do que nunca, os
tecnólogos e técnicos deverão se especializar e não mais serem meros operadores
manuais de máquinas de RX, tomografia, ressonância ou de outros métodos de
imagem. Deverão trabalhar em conjunto com engenheiros e desenvolvedores de
sistema para elaborar e aprimorar novos softwares e assim consultar e recuperar
dados e informações, produzindo imagens mais fidedignas e alcançando uma
medicina diagnóstica de melhor qualidade.
André Kinder
Médico radiologista,
coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Radiologia da FMP/Fase.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis