Bernardino Alves Ferreira
Neto
Médico do CTO e coordenador
do curso de extensão em Oncologia da FMP/Fase
Estamos passando por uma
transição demográfica no país, com um rápido envelhecimento da população.
Como sabemos, o câncer tem sua maiorincidência a partir dos 50 anos, mas não se
pode desprezar a informação de que os casos em mais jovens também vêm
aumentando. O câncer é a segunda causa de óbito no Brasil, desde 1996, e
será a primeira, em 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de
Câncer (Inca).
A mortalidade cresceu 500%
em 60 anos: de 2,5% para 15,4%. Hoje, de cada sete brasileiros que morrem,
um é por câncer. A incidência no Brasil é de mais de 600 mil casos novos
por ano, mas acredito em números subestimados.
Além disso, hoje se vive
mais com câncer. A expectativa de vida do paciente aumentou devido a
melhorias no diagnóstico precoce e, sobretudo, do tratamento oncológico. A
Organização Mundial da Saúde estima em 21,4 milhões de casos da doença em
2030, com 13,2 milhões de óbitos e 75 milhões de pessoas vivas com câncer
no mundo.
É uma doença cosmopolita em
ascensão devido a inúmeras causas como sedentarismo, obesidade, tabagismo e
alcoolismo, que reflete nossos hábitos de vida, além, é claro, dos contatos que
temos com inúmeros agentes carcinogênicos, como vírus (HPV-HVC-HIV),
irradiações, entre outros.
Petrópolis tem o mesmo
comportamento das grandes cidades e capitais do Brasil em relação à
incidência e mortalidade. Aqui o câncer também é a segunda causa de óbito entre
os petropolitanos. Os tumores mais comuns na cidade são de próstata, mama,
coloretal e cavidade oral, não muito diferente do quadro das capitais do Sul e
Sudeste.
No Brasil, 60% dos casos de
câncer são diagnosticados como estágio III-IV por deficiência na rede
primária (suspeita e encaminhamento) e na redede média complexidade
(diagnóstico). Os problemas levam à maior mortalidade, sofrimento e
grande aumento dos custos com o tratamento. Então, fica clara a
importância do ensino da oncologia para os profissionais de saúde e de mais
informação para a população.
Há incidência crescente,
mortalidade em alta, grande número de sobreviventes e mesmo de pessoas com
doença em atividades vivas por mais tempo. É uma enfermidade que não é
exclusiva do especialista, envolve um grande time inter e multidisciplinar. Por
isso, todos devam pensar “é, isso pode ser um câncer”, facilitando o diagnóstico
precoce e melhorando a sobrevida e a chance de cura, além de diminuir os custos
econômicos e emocionais da doença.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis