sexta-feira, 22 de março de 2019

Pré-conferências Municipais de Saúde discutem novas propostas para o SUS

Essa semana, a Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase) cedeu espaço para a realização das duas Pré-conferências Municipais de Saúde. No dia 19 de março, no prédio novo do Ambulatório Escola, em Cascatinha, foi debatido o tema “Acesso e cuidado em saúde mental: impacto da nova política” e, no dia 20, no auditório do campus da faculdade, “Trabalho em saúde e a consolidação de direitos”.

Os dois temas escolhidos trazem o debate, a partir das novas normativas do Ministério da Saúde, para a realidade do município e como elas vão refletir no dia a dia os cuidados oferecidos à população em Petrópolis.

“Como a Conferência Municipal de Saúde deve seguir o cronograma e os temas da Conferência Nacional, a comissão organizadora da Conferência Municipal de Saúde colocou como temas das pré-conferências que são preparatórias, as áreas que são menos centrais, que estão fora dos eixos principais, porque também são assuntos que precisam ser debatidos”, frisa Julia Morelli Rosas, médica de Família e Comunidade da Unidade de Saúde do Boa Vista, professora da FMP/Fase e membro da Comissão Organizadora da 15ª Conferência Municipal de Saúde de Petrópolis.

Esse ano será marcado na área da saúde pela realização das conferências, grande espaço de participação social. O tema central remete à 8ª Conferência Nacional de Saúde, Democracia e Saúde, que lançou as bases do SUS (Sistema Único de Saúde do Brasil), em 1988.

“A gente precisa participar desses debates, influenciar nas discussões e também ser exemplo a partir desse serviço que implementamos. E, além disso, como o nosso papel de formação em várias áreas da saúde é sabendo que o mercado de trabalho no Brasil é bastante voltado para o sistema público, a faculdade como um todo tem a função social de formar para atender à essa população brasileira, que em sua maioria está no setor público. A saúde da família faz parte da rede de saúde mental também, é um dos pontos dessa rede, então não tem como a gente pensar dissociado. A FMP/Fase está indo num caminho bastante interessante que é da integração, da ida dos psiquiatras aos postos de saúde, na formação da nossa graduação, na interação da saúde mental junto com a atenção primária, já no mesmo espaço”, conclui a médica, Julia Morelli Rosas.

Na atual situação política nacional de retomada do projeto original do SUS, a ideia é que nas pré-conferências sejam realizados debates que visem discutir a consolidação de princípios do SUS e a saúde como um direito a cada indivíduo da sociedade. Uma estratégia nova, que veio com a reforma do currículo do curso de Medicina, alerta também para a importância do trabalho realizado através do Nasf (Núcleo Ampliado de Saúde da Família).

“Inicialmente, a lógica do Nasf é exatamente a de saúde pública que vem se sofisticando nos últimos anos, que é atenção e território. Eu entro como um consultor nesse trabalho, não do paciente, mas do profissional de saúde que atende às demandas nas unidades e identifica a necessidade, a gente discute o caso, atende o paciente juntos e, a partir dali, são debatidas as propostas terapêuticas, para que a pessoa seja tratada pelo médico sem precisar sair da sua área de convivência”, explica Dimitri Abramov, psiquiatra e professor de Psiquiatria da FMP/Fase.

A participação da sociedade tanto nas pré-conferências quanto na Conferência Municipal de Saúde é um importante elemento para a consolidação de políticas públicas que atendam às necessidades da população. No município, a FMP/Fase realiza um trabalho diferenciado de atendimento às pessoas que sofrem com algum tipo de transtorno mental. Em suas unidades próprias de saúde são promovidos atendimentos realizados por uma equipe multidisciplinar, que faz o acompanhamento dos pacientes ao longo do tratamento. Cada caso é analisado pela equipe, que também faz visitas domiciliares para atendimento aos pacientes que necessitam dessa atenção mais próxima dos profissionais de saúde.

“Nesse momento de contrarreforma em que vivemos, ter uma população organizada é essencial, pois efetivamente dessa maneira é que se consegue transformar a realidade no setor de saúde pública”, destaca Ana Paula Guljor, psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Saúde Mental e pesquisadora da Fiocruz.


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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis