A Febre de Chikungunya é uma arbovirose veiculada pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os sintomas são muito desagradáveis, com febre e fortes dores no corpo que demoram muito tempo para passar por completo, até meses. Não existe vacina e nem medicamento para prevenir a doença e a única forma de evitá-la é reduzindo a população dos mosquitos transmissores, ou a superfície de contato do corpo com o mosquito.
Tal como a Dengue, a Febre Chikungunya se tornou um problema de saúde pública, comprometendo a força de trabalho de quem a contrai de modo prolongado e gerando sérios transtornos para as pessoas e suas famílias. Todos estão vulneráveis.
Para se ter uma ideia, a prefeitura do Rio de Janeiro registrou um aumento de mais de 80% no número de casos de Chikungunya entre 2018 e 2019, tendo como base os quatro primeiros meses de cada ano. Em 2018, a cidade do Rio registrou 3.413 casos da doença, até o final de abril. Nesse ano, já foram contabilizados 6.188. No Estado, são 16 mil casos e duas mortes. A situação em Petrópolis também está se agravando. Os dados divulgados pela prefeitura revelam que a cidade registrou 240 novos casos apenas de janeiro até abril deste ano. Nesse mesmo período em 2018, apenas 9 casos foram detectados.
No entanto, por um longo período, pregou-se que o controle da população de mosquitos através do popular fumacê resolveria a questão, assim como o controle dos criadouros de mosquito (água parada em vasos, piscinas, lixo abandonado como latas, garrafas, pneus, dentre outros). Fato é que essa política não resultou em grandes efeitos: por um lado, a pulverização do fumacê compromete a população de aves e outros insetos, essenciais dentro da cadeia ecológica, assim como causa danos a pessoas com sensibilidade respiratória e alergias; por outro lado, a vida urbana com aglomerados populacionais e infraestrutura insuficiente, e o acúmulo de lixo nas ruas promove a existência de criadouros após as chuvas, de impossível controle.
Enquanto não se descobre um meio para se evitar a doença através de vacina, o jeito é educar a população no controle do mosquito, incluindo-a na responsabilidade no combate aos criadouros durante todo o ano e não só no período de chuvas, assim como orientando-a para o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo em regiões com alta demografia de mosquitos, além de fornecer repelentes à população.
Nas comunidades, o trabalho de orientação dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Endemias é crucial, pois eles compreendem melhor a dinâmica da população no território e sua cultura, acessando mais rápido a sensibilização da população a respeito do problema. O controle dos ecossistemas próximos às comunidades pressupõe o não desmatamento e a preservação ambiental, fatores imprescindíveis para o controle natural da população de mosquitos mediante a preservação de seus predadores. Assim como a fiscalização dos ambientes potenciais de criação de mosquito que devem ser combatidos e evitados. Os Agentes são importantes nesse elo de combate às arboviroses que têm afetado cada vez mais intensamente a população e sua qualidade de vida.
A ciência pesquisa diversas formas de controlar a população de mosquitos interferindo no seu processo reprodutivo, intensificando o processo competitivo com outras espécies, dentre outras tecnologias, mas a escala ainda é pequena frente aos danos já instalados.
Paulo K. de Sá
Coordenador do
curso de Medicina da FMP/Fase.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis