quinta-feira, 16 de junho de 2011

É tempo de festa "pessoar"


As festas juninas são uma tentação para quem precisa evitar alimentos calóricos, mas, segundo a professora de Nutrição da Faculdade Arthur Sá Earp Neto Brigitte Olichon, ninguém precisa se privar de comer canjica, curau, paçoca, doce de abóbora, bolo de milho, pamonha e outras delícias. Basta optar pelo preparo de receitas light.

“Além de gostosos, os pratos são feitos com alimentos ricos em nutrientes e importantes para a manutenção da saúde, como o amendoim, a abóbora, o milho e a batata doce. O problema está em como e quanto ingerimos. A tradição nos faz preparar pratos ricos em açúcar e gorduras, o que interfere na absorção adequada dos nutrientes e aumenta muito o valor calórico desses alimentos. Não devemos excluir esses alimentos de nossa rotina, nem evitar comê-los nas comemorações juninas, mas aprender a aproveitar o que cada um deles tem de melhor, garantindo sabor e saúde nas receitas”, ensina a professora Brigitte Olichon.

A seguir, nove receitas para quem quer participar dos festejos e não sair da linha e também informações sobre a tradição das festas juninas e a importância para saúde dos ingredientes principais das receitas.

Tradição dos festejos e pratos juninos - As festas juninas têm sua origem no solstício de verão da Europa, quando os dias começam a ficar mais longos e quentes, e as noites mais curtas. Neste momento, celebra-se a vida com festas, danças e casamentos. Esta antiga tradição veio parar no Brasil através dos colonos portugueses e franceses.

No entanto, esta época, no Brasil, equivale ao solstício de inverno, quando os dias ficam mais curtos, as noites mais longas e o frio vem chegando devagar. Também marca o fim do outono e, portanto, das colheitas, sobretudo dos alimentos que a Natureza, sabiamente, oferece como mais calóricos - para nos ajudar a enfrentar a escuridão e o frio do inverno.

Neste momento, as famílias e comunidades celebravam as colheitas e armazenavam os alimentos próprios para a difícil travessia do inverno. Talvez fosse a última vez que se vissem em meses, pois todos moravam mais afastados e o frio impedia grandes deslocamentos. A celebração era quase uma despedida... A tradição européia preservou as festas, as quadrilhas e casamentos.

Os alimentos desta época, utilizados ainda hoje nessas celebrações, são de fato mais calóricos: milho, batata-doce, amendoim, aipim, abóbora, e todas as suas variantes. A razão de serem calóricos é para nos ajudar a atravessar o frio do inverno, além de serem alimentos de fácil conservação. Mas eles também são ricos em diversos nutrientes que, naturalmente, nos fazem falta nessa época do ano de pouco sol e poucas frutas. Por exemplo:

- O milho tem muita fibra, é rico em vitamina B1, que ajuda na regularização do sistema nervoso e aparelho digestivo, e tonifica o músculo cardíaco. Também é rico em vitamina E, antioxidante que combate a degeneração muscular, atua no crescimento e protege o sistema reprodutor, aumentando a potência sexual. É ainda rico em Fósforo (necessário ao cérebro).

- A batata-doce é rica em betacaroteno (precursor da Vitamina A), vitamina C (ácido ascórbico) e vitaminas do complexo B. A batata-doce é também uma excelente fonte de potássio, fósforo, cálcio e ferro (cerca de 25% das necessidades diárias em ferro). São também de referir os elevados níveis de polifenóis, como as antocianinas e os ácidos fenólicos, que são poderosos antioxidantes. Excelente fonte de fibras.

- O amendoim tem proteínas ricas em aminoácidos essenciais, que não podem ser sintetizadas pelo organismo humano. Seu valor nutritivo não se altera durante a torrefação e suas gorduras também são ricas em ácidos graxos essenciais. O amendoim é uma fonte excelente de vitaminas do complexo B e uma das mais importantes é a B5, já que sua carência conduz à avitaminose denominada pelagra ou doença dos 3D (dermatite, diarréia e demência). Este fruto também inibe a absorção do colesterol, reduzindo os riscos de problemas no coração. Segundo algumas pesquisas, o consumo de amendoim, seja in natura, em doces ou em confeitos, também pode ajudar na prevenção e no tratamento de tumores. A responsável por isso é uma substância encontrada na sua composição química, chamada resveratrol, que possui propriedades antiinflamatórias e anticancerígenas.Também é rico em fibras, potássio, cálcio, magnésio, além de fitosteróis, Omega-6 e outros componentes.

- O aipim é boa fonte de energia, não tem proteínas nem gorduras e contém grande quantidade de vitaminas do complexo B, principalmente a vitamina B3 (niacina), além de boa quantidade de potássio, cálcio, ferro e fósforo.

- A abóbora possui grandes quantidades de vitaminas antioxidantes (vitamina C, E e betacaroteno - provitamina A). Possui também boas quantidades de vitaminas do complexo B (B1, B2 e B5), fibras e os minerais cálcio, fósforo, ferro e potássio. Devido ao seu grande conteúdo de betacaroteno (provitamina A), seu consumo ajuda a diminuir o risco de câncer, doenças do coração, derrame e cataratas. Suas sementes, para os índios Cherookee, podem curar cólicas, diminuir pedras nos rins e acalmar febres, desde que servidas em chás. O suco retirado das flores é digestivo; as sementes são vermífugas, mas com efeito lento, e quando trituradas fornecem um suco refrigerante, próprio para os períodos de febre e nas inflamações das vias urinárias, como cistite e hipertrofia prostática. Adstringente, laxante, diurética, alcalinizante. A decocção da polpa é indicada nos casos de diarréia e gases; o sumo da polpa para prisão de ventre. O cataplasma das folhas é indicado em casos de queimaduras, inflamações e dores de ouvido. É um excelente vermífugo, principalmente para crianças. É tônico para o cérebro, fígado, rins e intestinos.