quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pesquisa para além da sala de aula


João Miranda

Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação da FMP/Fase

A educação cada vez fica maior que mesas, cadeiras e o quadro onde o professor explica o que deve ser aprendido. A tecnologia e a internet introduziram novos modelos de conhecimento e de aprendizagem. Conectados, os jovens também querem aprender em rede.

Nas universidades, os horizontes se ampliam através das pesquisas, cada vez mais sofisticadas e precisas. E, em se tratando de uma faculdade de Medicina, a pesquisa científica ganha lugar de destaque na busca pela longevidade com qualidade de vida.

Lembra ficção científica, mas é realidade. O que, no passado, parecia distante agora fica mais palpável. Os estudos com células-tronco são um exemplo, assim como o uso das impressoras 3D para reconstruir ossos e outras partes do corpo humano.

Uma cidade universitária como Petrópolis acompanha toda essa evolução com a lupa do interesse. A nossa Faculdade de Medicina investe em pesquisa, estimula os alunos e constrói parcerias. Um desses parceiros é o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), com quem teremos um convênio de cooperação para trocas de experiências e de conhecimento aplicado.

Na mesma linha, a Faculdade de Medicina de Petrópolis também tem parcerias com a Fiocruz e o Inmetro, além de estimular a pesquisa junto aos alunos e aos professores. Hoje, entre as pesquisas em desenvolvimento, podemos citar o trabalho sobre as consequências do uso do agrotóxico nas lavouras serranas e o Projeto de Gameficação; além das pesquisas sobre funcionalidade e saúde do trabalhador; lúpus; imagens de mandíbulas; medicina regenerativa; e a relação das doenças reumatoides com a oftalmologia.

A construção do Laboratório de Manipulação de Células Humanas para Fins Terapêuticos, na FMP/Fase, reforçará essas e outras linhas de pesquisa, como o uso de células-tronco para o tratamento de lesões raquimedulares. O tema foi abordado recentemente em um dos Seminários de Pesquisa que a faculdade sedia mensalmente para alunos e interessados, no campus.

Pesquisas exigem inteligência, recursos e perseverança. Há tempos a professora Karla Menezes, da FMP/Fase, estuda o tratamento de lesões na medula com o uso de células-tronco. Trabalhando em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro, a bióloga e colegas vêm se dedicando à causa que pode devolver a mobilidade a pessoas com paralisia. A pesquisa indica que uma proteína presente na matriz extracelular (a laminina) é capaz de promover o crescimento da parte responsável pela condução dos impulsos elétricos dos neurônios (os axônios), após contato com solução ácida. A polimerização da laminina (polilaminina) promove a formação de uma estrutura que liga as partes e reduz a inflamação medular.

Após testes em laboratórios, foi autorizado o estudo clínico em humanos para avaliação da segurança, tolerabilidade e eficácia do tratamento de lesões da medula espinhal com injeção de polilaminina, durante cirurgias de estabilização em pacientes que apresentam paralisias, no Estado do Rio. Segundo Karla Menezes, hoje apenas a Coréia do Sul faz pesquisas parecidas com humanos. A expectativa é grande em relação aos resultados, em mais uma etapa da pesquisa, que como tantas outras nasceu da curiosidade e da vontade de tornar o mundo melhor para mais pessoas.