Para ajudar as vítimas, o Posto de Saúde
da Família Estrada da Saudade, da Faculdade de Medicina de Petrópolis/Fase,
colocou-se à disposição da população. As duas equipes do posto e duas alunas do
sétimo período de Enfermagem ajudaram no atendimento e medicamento dos
moradores desalojados e desabrigados, e a padaria local doou o café da manhã na
segunda-feira (18). As vítimas receberam vacina antitetânica e foram
cadastradas pela Defesa Civil e Secretaria de Assistência Social (Setrac).
A equipe do PSF Estrada da Saudade tem visitado
regularmente o abrigo instalado no Colégio Municipal Paulo Saldanha, para se
certificar de que nada falte. Graças aos treinamentos realizados pela Defesa
Civil e o uso de pluviômetros foi possível executar ações de remoção de pessoas
das áreas de risco a tempo. Ao todo, três casas ficaram completamente
destruídas, mas ninguém se feriu.
A agente Isaura Silva dos Santos mora há 57 anos no
bairro Estrada da Saudade. Ela viu o pluviômetro marcar 130 mm entre 16h de sábado
até 1h de domingo. De acordo com orientações da Defesa Civil, a remoção
torna-se necessária a partir dos 80
mm. "Comecei a ligar para os vizinhos saírem de
casa e orientei que não dormissem naquela noite. Estava falando com outra
agente quando ouvi pelo telefone a barreira cair" conta. Ela também
atribui à organização dos agentes e aos treinamentos o fato de não ter ocorrido
nenhuma morte.
A aluna do PSF Estrada da Saudade e moradora do
local, Naythielle Klim Medeiros, de 21 anos, conta que se sentiu impotente
diante da tragédia, mas que estava preparada para ajudar a quem precisasse.
"As pessoas gritavam por socorro, mas, na hora, eu não tinha noção do que
estava acontecendo direito. Estavam todos descompensados, com pressão alta e
então os levamos para o abrigo na escola e ficamos à disposição. Me senti
triste e um pouco impotente. Mas, como estudante de enfermagem, vejo nesta
situação o quanto estou preparada".
Quitandinha
A FMP/Fase criou uma campanha para arrecadar itens
de primeira necessidade às vítimas das chuvas e, na última sexta-feira (22),
visitou o CIEP Santos Dumont no bairro Quitandinha para entregar uma parte do
material às famílias que ali se encontram. Marcio Freitas Peixoto é morador da
comunidade do Serrinha, localizada no bairro Quitandinha, onde também houve queda
de barreira. Voluntário no abrigo CIEP Santos Dummont, onde há 41 famílias,
totalizando 183 pessoas, ele está com a esposa, a filha de 2 anos e a enteada
de 5. "Ficamos presos porque a barreira fechou a saída da comunidade.
Tivemos que derrubar o muro para poder passar. Nosso medo agora é ter q voltar
pra lá", contou.
Rosemere Vicente do Vale está com o marido, os dois
filhos, de 11 e 14 anos, a neta de 2 e a ex nora. "Está tudo comprometido
lá. As casas estão caindo. No Serrinha já deu enchente de entrar água duas
vezes na minha casa. A gente está acostumado com a nossa própria casa, e ter
que vir para um abrigo onde há um monte de gente é muito ruim. Não conseguimos
dormir desde que viemos para cá e não sabemos se podemos voltar pras nossas
casas”.
Na terça e na sexta-feira, mais de 40 alunos do
curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Petrópolis/Fase doaram sangue no
Hospital Santa Teresa e arrecadaram mais de mil e quinhentos reais para
cooperar com as vítimas.
A equipe do posto mostra o local onde houve deslizamento de terra.
Momento da entrega dos donativos arrecadados pela FMP/Fase
aos desalojados da Comunidade do Serrinha.
Alunos de Medicina em campanha para doação de sangue.