Paulo Cesar Guimarães
Professor e diretor da Faculdade de
Medicina de Petrópolis (FMP/Fase) e membro do Comitê de Infectologia da
Sociedade de Pediatria do Estado do RJ
Ao acreditar mais no
tratamento do que na prevenção de doenças, a maioria dos brasileiros segue
perdendo a luta para o Aedes aegypti.
O verão chegou e, com ele, o alerta necessário de que basta um pouco de água
parada em casa para facilitar a proliferação do inimigo e o risco de
epidemias. Se antes o problema conhecido era o mosquito ser o transmissor da
dengue, hoje temos também os vírus da zika e da chicungunha para enfrentar.
Tudo fica mais
preocupante ao lembrarmos que, nos verões passados, o avanço do zika vírus
provocou a microcefalia em bebês, assustando as gestantes e milhares de
famílias. A certeza de que o mesmo mosquito era o vetor da doença veio após os
estudos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros. O esforço conjunto para a
identificação da causa e da epidemia rendeu recentemente à pesquisadora Celina
Turchi um lugar entre as dez cientistas mais importantes do planeta, segundo a
revista britânica “Nature”.
Agora, a médica da
Fiocruz em Pernambuco alerta que, mesmo com todos os nossos estudos,
dificilmente teremos uma vacina contra zika antes de três ou cinco anos. Ou
seja, a prevenção e o combate ao Aedes
continuam sendo os remédios mais eficazes nessa luta contra a proliferação das
larvas. Também devemos sempre chamar
atenção para a possível transmissão sexual do vírus da zika, sendo assim, o uso
do preservativo é fundamental.
Nos ambulatórios e nos
consultórios, os profissionais de saúde devem estar atentos ao diagnóstico
correto sobre os vírus, na distinção entre dengue, zika e chicungunha.
Esta última, segundo estimativas dos pesquisadores, é a que deve registrar mais
casos em 2017, pois a maioria da população não tem ainda imunidade ao vírus. As
dores nas articulações dos pacientes tornam a chicungunha uma
doença incapacitante, que pode durar meses ou anos.
Por isso, as campanhas
mostram a importância de inspeções nas nossas casas e locais de trabalho para
descobrir os focos do mosquito. É preciso incentivar os vizinhos a fazerem o
mesmo, ao mesmo tempo em que as doenças são tratadas e que avançam os estudos
sobre elas.
Um ponto importante ligado à
profilaxia da dengue é a vacina Dengvaxia contra os quatro sorotipos do
vírus, que deve ser aplicada de forma subcutânea, em três tomadas com
intervalos de seis meses entre os mesmos. A faixa etária que pode receber a
vacina é de 9 aos 45 anos de idade.
Além da conscientização
há projetos como o que a Fiocruz coordena, introduzindo no Aedes a bactéria Wolbachia, que reduz a transmissão do
vírus da dengue. Com a introdução da bactéria, os insetos são soltos e, ao se reproduzirem
com os mosquitos locais, a expectativa é que os filhotes já nasçam com a Wolbachia. Hoje, o projeto atua em
algumas localidades do Rio e de Niterói (RJ). É mais uma frente que se abre
contra o inimigo comum. O mesmo que pode estar “dormindo” em sua casa neste
momento.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis