quinta-feira, 2 de março de 2017

Afinal, a quê e a quem serve a Psicopedagogia?

Rovena Paranhos

Coordenadora do Curso de Psicologia
Faculdade Arthur Sá Earp Neto (Fase)


O Brasil de hoje, não resta dúvida, é um país assolado, obscura e intensamente, por uma crise moral, ética, política, social e econômica de dimensões sem precedentes na história recente. Isso é fato reiterado insistentemente; todavia, parece ainda não o ser o questionamento crítico e reflexivo acerca dos fundamentos dessa crise que, sabe-se, não se instalou abrupta, repentina e inocentemente.

Em que pese serem muitos os caminhos possíveis a esse empreendimento crítico e reflexivo, o processo educativo dos cidadãos — parece restar claro — está nos fundamentos desses caminhos. Não dar devida e merecida atenção a ele é um equívoco. Novamente aqui, a discussão sobre esse processo, por óbvio e por bem, é possível, necessária e obrigatória por muitos e diferentes caminhos. Um deles, que é o de entender a quê e a quem serve a Psicopedagogia, é uma das possibilidades pouco, nada ou equivocadamente exploradas.

Sem pretender superar opções possíveis abertas por essa área de conhecimento científico — ou, antes, efetivamente pretendendo manter possíveis todas essas opções abertas — não é nem muito inoportuno resgatar o fato de que a Psicopedagogia se propõe a compreender o ser humano como aprendiz que é. E, nesse sentido, contribuir — sobretudo de maneira preventiva — para que o processo educativo desse aprendiz, em qualquer etapa e situação de vida, se dê de maneira a permitir-lhe o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo e emancipado.  

Limitar as possibilidades da Psicopedagogia ao ambiente escolar é fazer a clara opção pelo reducionismo absoluto de suas possibilidades, na medida em que essa opção encerra o entendimento de que o processo educativo do ser humano se esgota e se conclui nesse ambiente. Ao contrário — e ainda que isso não seja percebido por muitos — esse processo educativo acontece a todo tempo, por todo o tempo e em todos os âmbitos da nossa vida.

Nesse sentido, e a partir dessa concepção mais abrangente e complexa das possibilidades da Psicopedagogia, é já necessária — senão obrigatória — a hora de se reconhecer que ela se aplica a todas as situações educativas, em quaisquer ambientes e dimensões e a qualquer tempo da vida; sempre cumprindo o propósito de garantir a educação de crianças capazes, adultos críticos e idosos socialmente incluídos. Se corretamente compreendida e efetivamente apropriada serve à formação de cidadãos emancipados e capazes de construir uma sociedade de fato justa e solidária.


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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis