O atendimento dos serviços de
mastologia cresceu em 80% este ano, no Hospital de Ensino Alcides Carneiro
(HAC), com um aumento no volume de cirurgias de 37%. Os bons resultados são
frutos do projeto "Capacitação das equipes da Estratégia Saúde da Família
- Um caminho para implementar a prevenção secundária do câncer de mama",
realizado de maio a outubro.
Os dados foram apresentados na 23ª
Semana Científica da FMP/Fase, pelo mastologista e professor Carlos Vinícius
Pereira Leite, que está à frente do programa. A iniciativa é do Serviço de
Mastologia do HAC, em parceria com a FMP/Fase, Serviço Social Autônomo Hospital
Alcides Carneiro e Prefeitura, com apoio da Roche. Hoje, o mamógrafo do HAC,
doado pela faculdade, é o equipamento que realiza o maior volume de exames na
rede municipal.
Carlos Vinícius Pereira Leite volta no
tempo para falar do sucesso do projeto: “Em janeiro de 2000, iniciamos o
Ambulatório de Mastologia no HAC e, aos poucos, fomos ampliando o espaço, as
internações, as cirurgias e oferecendo aos usuários do SUS uma situação de igualdade
para o tratamento do câncer de mama frente ao sistema privado. Evoluímos com a
aproximação da APPO e suas voluntárias, que nos auxiliam na orientação após as
consultas das pacientes, dando suporte emocional e orientação de direitos.
Vínhamos evoluindo, mas constantemente atendíamos pacientes com uma história
que começava há seis, oito meses, dentro do próprio sistema. Precisávamos
entender o que estava ocorrendo, por isso resolvemos sair do hospital e nos
aproximar da comunidade e de quem está mais próximo dela, as equipes de Saúde
da Família”, analisa.
Em julho de 2016, o trabalho foi
incluído no programa Roche Testing, que tem como objetivo subsidiar testes de
diagnóstico para auxiliar no tratamento do câncer de mama. Isso ajudou a zerar
o custo financeiro do teste de imuno-histoquímica para detectar a doença e a
diminuir o tempo de espera pelo resultado do serviço, que era de 40 a 60 dias,
para de 10 a 15 dias, melhorando o intervalo entre o diagnóstico e o início do
tratamento.
“Cientes que iríamos intervir na
Atenção Básica e divulgar a detecção precoce do câncer de mama, principalmente
através da mamografia conforme preconizado no Programa de Controle do Câncer de
Mama do Ministério da Saúde e no INCA, iniciamos a busca de parcerias para
aquisição de um mamógrafo digital para o HAC, a fim de dar suporte à demanda
por mamografia com qualidade tecnológica e auxiliar no diagnóstico e
procedimentos radiológicos mamários. Em dezembro de 2016, recebemos a notícia
de que o nosso projeto tinha sido aprovado através de emenda parlamentar, com o
deputado Hugo Leal, e o aparelho ainda vai chegar”, conta o médico.
Sobre o projeto “Capacitação das
equipes da Estratégia Saúde da Família”, Carlos Vinícius Leite diz que ele foi
apresentado para um possível financiamento e aprovado pela Roche, em novembro
de 2016. Àquela altura, o projeto de extensão “Saúde Mamária em Petrópolis”, da
FMP/Fase, já envolvia os alunos na conscientização sobre o câncer.
“Foram convidados alunos das Ligas de
Oncologia, de Radiologia, de Saúde da Mulher e de Saúde da Família. Formamos um
grupo de trabalho Interligas para desenvolver os tópicos de interesse para
formatação de duas cartilhas sobre câncer de mama, uma voltada para os agentes
comunitários e a outra para os profissionais da Atenção Básica”, explica o
professor, sobre as cartilhas “Saúde mamária – Guia prático para enfermeiros e
médicos” e “Saúde mamária – Guia prático para agentes comunitários de saúde”.
Em março deste ano, o projeto foi
apresentado ao secretário de Saúde de Petrópolis, Silmar Fortes, que aprovou a
capacitação. Grupos de alunos da FMP/Fase montaram esquetes teatrais
relacionadas ao tema e aos objetivos do projeto, para a sensibilização dos
agentes comunitários, que receberam informações sobre três tipos de câncer:
colo retal, linfoma e mama.
“Preparamos aulas esclarecendo sobre
importância do diagnóstico precoce; modificação dos hábitos de vida como
fatores protetores e fatores de risco; o preconceito com os exames realizados
na detecção dos tumores; a importância deles nas etapas dos cuidados dos
pacientes com câncer e a identificação de membros da comunidade com problema,
que devem ser conduzidos na Rede de Atenção à Saúde”, recorda Carlos Vinícius.
De maio a outubro, os profissionais
foram distribuídos nos diversos ambulatórios de Mastologia do HAC, abertos
exclusivamente com a finalidade de capacitação dos profissionais da Atenção
Básica na parte prática. Foram computadas 284 horas de atendimento
ambulatorial, sendo atendidos 1.822 pacientes, com aumento de 80% em igual
período de 2016. Foi observado ainda um aumento de cerca de 38%, em número de
pacientes, e de 37%, nas cirurgias realizadas, no período de maio a setembro de
2017 em relação a igual período de 2016.
“Auxiliamos a Coordenação de Programas
do Município de Petrópolis a elaborar o fluxograma do atendimento das
alterações mamárias para Atenção Básica, em que o principal ganho foi a
priorização das pacientes que realizaram exames de imagem. Encurtamos e
otimizamos o acesso das pacientes para a atenção secundária. Estamos encerrando
a capacitação da Atenção Básica, mas continuaremos a verificação periódica em
pontos chaves para executar ajustes no sistema, monitorando o trabalho”,
conclui Carlos Vinícius Leite.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis