A Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase) sediou o encontro anual do
INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) sobre tuberculose, realizado
no dia 22 de agosto. O grupo interdisciplinar de profissionais da FMP/Fase, PUCRS, UFRGS, Fiocruz
e Fundação Ataulpho de Paiva que atua pesquisando a vacina BCG já encontrou
algumas respostas positivas da ação da vacina, não apenas contra a tuberculose,
mas princípios ativos que induzem sucesso também no tratamento de outras
doenças.
“Quando nos encontramos anualmente, com grupos do Rio de Janeiro e de
Porto alegre, trocamos muitas experiências. Fico muito feliz por ver que
estamos evoluindo. No Brasil, temos a grande vantagem de ter a vacina contra a
tuberculose, considerada uma das melhores do mundo, mas descobrimos recentemente
que a BCG é um imunomodulador, então é um tratamento de escolha para o câncer
de bexiga, em doses e com formulação diferentes, e está sendo testada nos Estados
Unidos para prevenção de diabetes. Também temos dados que nos mostram ser
interessante para o tratamento da asma. Então, estamos desenvolvendo as
pesquisas em todas essas áreas”, explica Luiz Roberto Castello Branco, diretor
científico da Fundação Ataulpho de Paiva.
O objetivo central do encontro foi reunir os pesquisadores para que
pudessem discutir os resultados preliminares, adquiridos ao longo do período de
estudos e análises em todos os laboratórios, para que fossem tomadas algumas
decisões relativas ao financiamento do projeto.
“A minha linha de pesquisa envolve o que chamamos genericamente de
imunomodulação, ou seja, o estudo de substâncias e mecanismos que possam
regular a resposta imunológica tanto para a potenciação como para a supressão.
Eu entrei neste grupo há pouco mais de 6 meses. Temos alguns projetos com a
vacina para tuberculose (BCG) que também não foram publicados ainda, pois estamos
realizando a parte experimental”, destaca José Mengel, pesquisador e professor
da FMP/Fase/Fiocruz.
Segundo os pesquisadores, as recentes descobertas sobre as
funcionalidades da vacina BCG também para prevenção de outras doenças, além da
tuberculose, merecem um olhar mais atento e investimentos contínuos nos
estudos.
“Ao meu ver, a pesquisa sobre a vacina BCG precisa ser contínua e com
constantes investimentos. O que nós estamos tentando fazer é reunir
pesquisadores especialistas na área de vacina, principalmente que têm em comum
o entendimento primeiro de como realmente essa vacina funciona, pois daqui a
dois anos essa vacina vai completar cem anos e não sabemos exatamente como ela
funciona. A proteção que a BCG proporciona contra a tuberculose é apenas a
ponta do iceberg, pois estudos preliminares indicam que ela pode ser usada
contra outras enfermidades, como a asma e tumores”, ressalta Paulo Antas,
pesquisador da Fiocruz.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, as pesquisas buscam na
flora brasileira compostos que possam favorecer o desenvolvimento de vacinas mais
eficazes na prevenção de doenças.
“Desde 2015, trabalho nesse projeto de pesquisa. O nosso laboratório de
fisiologia vegetal da Universidade colabora desde antes de 2009 com um projeto
para prospecção de novos compostos que tenham uma atividade antituberculose, a
partir de plantas que são encontradas na Mata Atlântica, por exemplo. Temos uma
grande biodiversidade e ainda não a exploramos de maneira sustentável”, pondera
Anna Yendo, pesquisadora da UFRGS.
O fato de Petrópolis estar aberta para sediar encontros de pesquisa e
promover atividades com pesquisadores de diferentes regiões do país e também do
exterior fomenta a vocação do município como Cidade Universitária, projeto este
que recebe o apoio e o investimento da FMP/Fase.
“Os saberes têm que
circular e o nosso papel é proporcionar o acolhimento a esses pesquisadores e
os instrumentos necessários para o trabalho desses grupos de pesquisa, de forma
que a humanidade possa aproveitar as suas descobertas e beneficiar a saúde da
população. Estamos sempre buscando oportunidades para revelar que Petrópolis
pode ser uma Cidade Universitária, promovendo a troca de saberes, atraindo pesquisadores
de renome que estejam interessados em linhas de pesquisas de importância para a
nossa sociedade”, acrescenta Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves,
supervisora geral da FMP/Fase. “A nossa cidade já é acolhedora por si e dispõe
de todos os recursos para proporcionar a esses pesquisadores um bom ambiente de
trabalho, com recursos tecnológicos e apoio administrativo. Creio que esse seja
um bom começo para o projeto Cidade Universitária, que promove o encontro de
saberes”, finaliza a educadora.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis