Paulo K.
de Sá
Médico e coordenador da Faculdade de Medicina de
Petrópolis (FMP/Fase)
Em tempos de Copa do Mundo de Futebol, pensamos só na competição e se o
Brasil será ou não campeão novamente. Sem dúvida, como autênticos brasileiros,
torcemos, ficamos ansiosos e, mesmo em um momento político pessimista, ainda vestimos
a camisa verde e amarela nesse período, em especial.
Pessoas se reúnem em torno da televisão, acompanhadas de bebida e
algumas comidinhas para comemorar, ganhando ou perdendo. O jogo muitas vezes é
apenas uma desculpa para beber “todas” e comer o que quiser. Observo os jovens
se deslocando para os bares para assistirem sentados e bebericando alguma
coisa, às vezes, muitas coisas. Alegria e ansiedade no ar que transpira
euforia, tristeza, crítica e manifestações mais fervorosas quanto à capacidade
técnica de jogadores e técnicos.
Em meio a esse clima, muitos acidentes acontecem, pessoas morrem, sofrem
danos devido ao uso abusivo de álcool e outras drogas com a desculpa de que é
tempo de Copa e tudo passa a ser permitido.
Seja para comemorar a vitória ou amargar a derrota, os meios de
celebração não são inocentes e, muito menos, inofensivos. Desentendimentos
geram agressividades que se desdobram em agressões e danos mais graves. Tudo em
clima de Copa.
Por outro lado, superatletas que se sacrificam pelas seleções de seus
países serviriam de exemplo para o estímulo ao esporte, se não fosse pelo
desvio de rota provocado por muitas academias de ginástica e preparadores físicos
que, em nome da estética e do fisiculturismo, incentivam a utilização de
substâncias para aumentar o volume e força muscular, comprometendo o
funcionamento natural do corpo. Um mundo artificial é criado utilizando o
esporte como fachada e um grande negócio se movimenta a passos largos. Aliás,
dois grandes negócios: a saúde artificial e forçada e a indústria da doença.
A atividade física é uma das estratégias mais importantes para se
estimular a saúde de todos os indivíduos e, não necessariamente, a prática de
algum esporte. Hoje, muitas possibilidades existem, desde uma caminhada até o
alpinismo. Algumas atividades se transformam em modalidades olímpicas e outras
não, mas isso não é o mais importante. O que vale, realmente, é estimular a
movimentação do corpo e, principalmente, o bom encontro com as pessoas no
exercício dessas atividades proporcionando saúde física, mental e espiritual
integradas.
Enfim, que venha a Copa e, com ela, a alegria, a cordialidade, o
espírito esportivo, a humildade e o bom exemplo e parcimônia na comemoração. Porque
estamos na vida para a celebrarmos e não para acabar com ela ou desafiá-la.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis