Pedro Paulo de Sá Earp
Urologista
e professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase)
Sempre alerta a nos lembrar
sobre a saúde do homem, o Novembro Azul chega ao fim mas não podemos nos
despedir dele sem antes falar também dos meninos. É que, desde cedo, as mães
vão com as meninas aos ginecologistas, mas os pais não têm a cultura de levar
os filhos aos urologistas. A campanha de conscientização é um alerta para
a necessidade de mudanças de hábitos. Se em relação aos homens uma das
preocupações dos médicos é a incidência do tumor maligno de próstata, os mais
jovens também correm riscos como o câncer de testículo.
Para o menino há indicação
do exame da genitália externa para detecção de patologias como fimose, hidrocele (líquido
derramado intraescrotal), varicocele (varizes escrotais) e
criptorquidia (testículo fora da bolsa escrotal). No jovem e no homem
maduro, o autoexame do testículo poderá determinar a presença de câncer
testicular.
Já a inspeção da uretra pode
detectar a presença de secreções uretrais (DSTs). O autoexame masculino
poderá determinar a presença de verrugas próprias do HPV, ulcerações
compatíveis com herpes ou mesmo com cancro sifilítico.
Tanto para os adultos como
para os meninos é sempre importante ficar de olho na higiene. A tendência é que
o câncer de pênis desapareça, com a maior conscientização da população mundial
sobre a higiene, apontam estudos na área médica.
No Brasil, o câncer de
próstata é o segundo a atingir a população masculina, ficando atrás apenas do
câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, a
estimativa de novos casos é de 68.220 e o número de mortes é de cerca de 14 mil
por ano. Por isso, vale sempre ressaltar a importância da realização dos
exames preventivos. Eles não visam evitar a doença, mas
diagnosticá-la precocemente e com isto permitir a instituição de
um tratamento precoce, o que pode levar a evitar as mortes.
Outra arma contra a doença é
o exame do toque transretal da próstata. Através do exame digital da glândula, o
urologista pode avaliar o seu tamanho, a superfície, os contornos, a
mobilidade, a sensibilidade e especialmente a consistência. É o toque com o
dedo que indica se a próstata está dura ou se possui nódulos, e esses dados
podem falar sobre a existência de um câncer.
O toque deve ser feito em
paralelo ao exame de sangue que verifica a dosagem de uma enzima produzida pela
próstata, chamada de PSA. A análise pode falhar em até 16% dos casos. Um exame
não exclui o outro. Existe também a ultrassonografia da próstata, que pode
falhar em mais de 40% dos casos. Recentemente, exames de imagem mais
sofisticados, tais como a RM funcional prostática e até o PET-CT de PSMA,
vieram trazer subsídios valiosos para o diagnóstico. A conjunção de
todos esses exames pode diminuir o número de falhas na detecção quando bem
utilizados.
O
toque prostático ajuda a diagnosticar e a diferenciar a
hipertrofia benigna da próstata e o câncer da próstata. Se o paciente
apresenta um histórico familiar de câncer de próstata, de mama e de cólon
recomenda-se que o primeiro exame seja feito entre 40 e 45 anos e, depois,
anualmente. Podemos incluir no rol das pessoas de risco também os
afrodescendentes, já que a incidência de câncer de próstata é maior entre
eles. O recomendável é fazer o exame após os 50 e repeti-lo todos os
anos.
É preciso ficar sempre
atento às mudanças do nosso corpo, sem medos. Quanto mais cedo aprendermos a
lição, melhor para a nossa saúde e a de quem amamos.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis