Rovena Lopes Paranhos
Psicóloga, coordenadora do curso de
Psicologia da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase)
O ocaso de um velho ano inevitavelmente anuncia a alvorada de um ano
novo, e esse interminável movimento da vida, não raro, nos conduz ao mesmo
movimento interno: o de nos despedirmos de um enquanto nos preparamos para a
recepção do outro que começa. Esse movimento é, ao mesmo tempo, universal —
porque acontece para todos nós — e singular — porque cada um de nós o vive de
forma muito particular.
Ainda que isso seja uma verdade irrevogável, sempre aparece nesse vasto
horizonte que se descortina entre o ocaso e a alvorada dos anos da vida uma
infinidade de possibilidades a serem plenamente vividas. E viver essas
possibilidades depende de cada um de nós e não da simples e mera passagem dos
anos.
Dessa forma, não há porque depositarmos nossas esperanças em uma lista
de intenções para o ano novo, se elas não passarem de boas intenções. Também
não há porque supor que o novo ano será melhor do que o velho ou, inversamente,
supor que não o será. Esses parecem ser lugares comuns que repetimos de forma
automática, acreditando que magicamente resolverão nossas velhas infelicidades
e desacertos e também magicamente trarão novos felizes acertos.
Assim enredados, nos fixamos no ocaso e na alvorada e esquecemos o mais
importante que é o horizonte, que infinita e amplamente se descortina para
todos nós entre ambos. Se nos arriscarmos a trilhar — mesmo que de forma
titubeante no início — esse caminho sem fim que o horizonte abre para cada um
de nós, talvez comecemos a perceber que infelizes desacertos e felizes acertos
são parte irrevogável da nossa existência, e jamais desejaríamos os acertos
felizes se não conhecêssemos os erros infelizes.
Nesse vasto caminho que é o horizonte, as intenções precisam ser
transformadas em ações; e essas ações por certo trarão resultados felizes e
infelizes, mas juntos esses resultados constroem nossa vida de cada e de todo
dia, nos fazem humanos e sensíveis a nós próprios e ao outro. Vale lembrar a
lição que outrora Jung nos deixou, na tentativa de nos ensinar a sermos pessoas
melhores: você é o que você faz e não o que você diz que vai fazer. Aprendamos
com ele, então, a fazer nossas vidas nesse caminho que insistente e suavemente
o horizonte sempre nos aponta.
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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis