segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O que importa é o horizonte


Rovena Lopes Paranhos

Psicóloga, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase)

O ocaso de um velho ano inevitavelmente anuncia a alvorada de um ano novo, e esse interminável movimento da vida, não raro, nos conduz ao mesmo movimento interno: o de nos despedirmos de um enquanto nos preparamos para a recepção do outro que começa. Esse movimento é, ao mesmo tempo, universal — porque acontece para todos nós — e singular — porque cada um de nós o vive de forma muito particular.

Ainda que isso seja uma verdade irrevogável, sempre aparece nesse vasto horizonte que se descortina entre o ocaso e a alvorada dos anos da vida uma infinidade de possibilidades a serem plenamente vividas. E viver essas possibilidades depende de cada um de nós e não da simples e mera passagem dos anos.

Dessa forma, não há porque depositarmos nossas esperanças em uma lista de intenções para o ano novo, se elas não passarem de boas intenções. Também não há porque supor que o novo ano será melhor do que o velho ou, inversamente, supor que não o será. Esses parecem ser lugares comuns que repetimos de forma automática, acreditando que magicamente resolverão nossas velhas infelicidades e desacertos e também magicamente trarão novos felizes acertos.

Assim enredados, nos fixamos no ocaso e na alvorada e esquecemos o mais importante que é o horizonte, que infinita e amplamente se descortina para todos nós entre ambos. Se nos arriscarmos a trilhar — mesmo que de forma titubeante no início — esse caminho sem fim que o horizonte abre para cada um de nós, talvez comecemos a perceber que infelizes desacertos e felizes acertos são parte irrevogável da nossa existência, e jamais desejaríamos os acertos felizes se não conhecêssemos os erros infelizes.

Nesse vasto caminho que é o horizonte, as intenções precisam ser transformadas em ações; e essas ações por certo trarão resultados felizes e infelizes, mas juntos esses resultados constroem nossa vida de cada e de todo dia, nos fazem humanos e sensíveis a nós próprios e ao outro. Vale lembrar a lição que outrora Jung nos deixou, na tentativa de nos ensinar a sermos pessoas melhores: você é o que você faz e não o que você diz que vai fazer. Aprendamos com ele, então, a fazer nossas vidas nesse caminho que insistente e suavemente o horizonte sempre nos aponta.

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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis