Carlos Vinícius Leite
Mastologista e professor da
Faculdade de Medicina de Petrópolis
O movimento Outubro Rosa no
país é um dos exemplos do Brasil que dá certo. O despertar da consciência sobre
a importância da prevenção ao câncer de mama cresce a cada ano e se estende ao
longo dos meses entre as mulheres. Claro que há muito a fazer, como a
necessidade de se aumentar o acesso aos exames de mamografias, investir no
rastreamento genético para o diagnóstico precoce e também nos cuidados paliativos
de pacientes graves. Outra ação importante é preparar o pessoal da área para a
detecção precoce do problema, como fazemos no projeto de capacitação das
equipes de Saúde da Família, em Petrópolis e no Rio.
Mas hoje quero conversar com
as meninas, para que aprendam mais sobre seus corpos e o autoexame, e com os
meninos, para que conheçam a doença que pode atingi-los também, mesmo que em
bem menor escala. Está aí o exemplo do pai da cantora Beyoncé, Mathew Knowles,
que retirou uma das mamas e fará outra cirurgia em janeiro. Famosos ou não, os
casos de câncer mostram o quanto são fundamentais a prevenção e o início do tratamento
ainda no estágio inicial. É preciso estar alerta aos sinais do corpo e redobrar
a atenção, quando se tem casos na família.
Na maioria dos casos, o câncer
de mama se manifesta como um nódulo ou caroço. Temos outros sinais de alerta,
como vermelhidão e pele endurecida, áreas da mama com abaulamentos ou
retrações, feridas que não cicatrizam e coceiras que não melhoram, além de
líquido no bico do peito saindo sem apertar, de cor vermelha ou transparente. Todas
devem ficar atentas para observar esses sintomas após o período menstrual.
Sobre o câncer de mama sabe-se
que 95% dos casos diagnosticados no início têm possibilidade de cura. Isso
significa que diagnosticar a doença na fase inicial pode aumentar as chances de
cura e diminuir a agressividade do tratamento. A detecção precoce preconizada
pela Sociedade Brasileira de Mastologia é realizada através do rastreamento
entre mulheres assintomáticas da seguinte forma: exame clínico das mamas, que
deve ser feito de forma anual em pessoas com 40 anos ou mais; rastreamento
mamográfico anual, para mulheres na mesma faixa etária; e o autoexame, a ser
realizado mensalmente, após a menstruação. Quando há histórico familiar da
doença são recomendados o exame clínico e a mamografia anualmente, a partir dos
35 anos.
Com a conscientização da
população é possível reforçar a prevenção primária, com ações que qualquer
mulher pode fazer para evitar causas e fatores de risco para o câncer de mama,
como a obesidade, principalmente na menopausa; o tabagismo; o uso excessivo de
álcool; e o sedentarismo.
Já o tratamento dependerá do
tipo e estágio do câncer. Para o controle local da doença, pode ser necessária
a utilização da radioterapia na mama e nas regiões dos gânglios. Ela não é empregada
em todos os casos. A quimioterapia, a terapia hormonal e a terapia alvo são um
conjunto de medicamentos que podem ser usados por via oral ou através da
corrente sanguínea, via soro, para atingir as células cancerígenas em qualquer
parte do corpo.
Hoje, o tratamento do câncer é
personalizado. Cada paciente e cada tumor são analisados detalhadamente para se
saber os riscos e benefícios de cada opção a ser oferecida. São considerados o
tratamento com o melhor efeito, a tolerabilidade pelo paciente e os menores
efeitos colaterais, sempre com máxima segurança. Por isso, todas as opções de
tratamento devem ser discutidas, para ajudar na tomada da decisão que melhor se
adapte às necessidades de cada pessoa, incluindo aí a cirurgia.
É importante frisar
que o câncer aparece na mama, mas é uma doença do corpo inteiro. Assim devemos
ter uma estratégia para atacar onde nasceu o problema e outra para o restante
do corpo. O apoio da família e dos amigos é mais que bem-vindo. Exemplos de
superação não faltam, e nos ensinam muito sobre a beleza da vida.
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